A depressão sempre é motivo de muito debate.
Especialmente agora, com a morte do grande ator
Robin Williams, que aparentemente cometeu suicídio, o
debate mundial a respeito dessa doença e seus
sintomas ficou ainda mais em evidência. O eterno Patch
Adams sofria com uma depressão profunda, e as
especulações são de que ele tenha colocado um fim na
própria vida justamente por conta da doença.
Mundialmente, segundo um estudo epidemiológico
publicado na revista especializada BMC Medicine, 121
milhões de pessoas estão deprimidas. Esse número é
quase quatro vezes maior do que o de portadores de
HIV (33 milhões). Já o Brasil lidera, entre os países em
desenvolvimento, o ranking de prevalência da
depressão: 18% da população que participou da
pesquisa do Instituto de Psiquiatria da Universidade de
São Paulo estava deprimida há pelo menos um ano.
É comum que aqueles que poderiam se beneficiar com
um tratamento acabem não tendo acesso a ele, seja por
falta de informação ou até por interpretar os sintomas
de maneira errada. Que uma coisa fique bem clara
desde já: depressão não é frescura!
Abaixo listamos cinco dos mitos mais comuns sobre a
condição, para esclarecer de uma vez por todas quão
grave é esse diagnóstico:
Mito 1: Depressão é sinônimo de tristeza
Muitos conhecidos do ator Robin Williams que foram
entrevistados desde a sua morte falaram que eles nunca
o viram infeliz, ainda que ele sofria de depressão
profunda. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde
Mental dos Estados Unidos, muitas das pessoas que
sofrem de depressão sentem sim uma tristeza
esmagadora, mas, em contrapartida, muitos outros não
sentem qualquer emoção específica. A melhor
descrição seria uma sensação de vazio e apatia. E uma
vez que a ansiedade muitas vezes acompanha a
depressão, muitos sentem um constante estado de
tensão que persiste por nenhuma razão aparente.
Mito 2: A depressão é um sinal de
fraqueza mental
Parte do estigma que envolve a depressão é que os
outros vão encarar essa doença como um sinal de
fraqueza. No entanto, nós não temos o costume de
acusar ninguém que sofra de uma doença cardíaca, ou
tenha câncer, por exemplo, que são doenças que afetam
uma ampla gama de pessoas. A depressão também é
uma doença e, mais especificamente falando, é um
transtorno médico absolutamente complexo que tem
dimensões biológicas, psicológicas e sociais. Dessa
forma, as pessoas “fortes” também podem sofrer de
depressão grave, e as consequências de não tratá-la
são tão reais e trágicas como em qualquer outro caso
de doença grave. Uma condição que afeta a química do
cérebro e do sistema nervoso não é menos devastadora
do que uma que afeta qualquer outra parte do corpo.
Mito 3: A depressão é sempre situacional
Embora a depressão muitas vezes apareça por conta de
um fato pontual, como perda de um ente querido,
divórcio, estresse no trabalho, etc, ela não precisa
desse tipo de faísca para começar. A depressão
normalmente é diagnosticada quando alguém sofre de
episódios prolongados (de pelo menos duas semanas)
de desesperança, vazio e letargia que não têm nenhuma
causa aparente. Esses períodos podem se manifestar
inexplicavelmente, mesmo quando os eventos da vida
parecem geralmente positivos. Esta, inclusive, é outra
razão de porque depressão e tristeza não são
sinônimos.
Mito 4: Sintomas de depressão são todos
mentais
Embora seja verdade que muitos sintomas de
depressão são coisas que normalmente associamos
com a “cabeça” (emoção, tensão, etc), a condição se
manifesta com frequência em todo o corpo. Sintomas
depressivos comuns incluem indigestão, dificuldade
em respirar, aperto no peito e fadiga geral. Alguns
pacientes também se queixam de dores musculares
persistentes.
Mito 5: Se você é diagnosticado com
depressão, você usará antidepressivos o
resto de sua vida
A forte presença de comerciais de antidepressivos e
insistência da mídia nesse assunto tem tido uma
repercussão negativa. Muitas pessoas têm medo de
serem colocadas em um antidepressivo, mesmo que
possam se beneficiar de seus efeitos, porque acham
que o medicamento pode viciar e gerar uma
dependência.
A realidade é que nem todo mundo se beneficia com
antidepressivos. Segundo algumas estimativas, cerca
de 40% das pessoas que recebem prescrição para
ingerir o medicamento não experimentam nenhum
benefício. Afinal, cada um é cada um. Algumas pessoas
reagem melhor a formas de psicoterapia, como a terapia
cognitivo-comportamental, ou uma combinação de
medicação e terapia. Mesmo alguém que obtém bons
resultados a partir de um antidepressivo pode, com
supervisão médica, eventualmente, reduzir essa
medicação. Por isso é importante o acompanhamento
médico. Só um profissional irá saber o que receitar e
qual o melhor tratamento para cada caso.
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